5/26/2010

Arte e Sociedade


Tarsila do Amaral


Ultimamente tenho perguntado qual o verdadeiro sentido da arte quando ela ultrapassa limites em pleno século 21. Ela ainda está trabalhando com o seu propósito de sair do comum e passar a trabalhar para o bem da sociedade? Recentemente não vejo um movimento artístico que estabeleça este conceito tanto na literatura, na música, no teatro quando na arte, principalmente neste mundo contemporâneo, onde ás vezes nos perguntamos porque isso realmente é arte de boa qualidade, talvez o conceito tenha se perdido, ou, esquecido por seus próprios fazedores o verdadeiro sentido da arte dentro da sociedade, o que ela realmente provocada.

Abaixo está escrito um trecho do livro: A necessidade da arte, de Fischer, Ernst.

Quem se considera um artista dê uma lida e vê se Fischer realmente tem coerência sobre o propósito da arte em plena sociedade, principalmente agora.

[...] Um artista só pode exprimir a experiência daquilo que seu tempo e suas condições sóciais têm para oferecer. Por essa razão, a subjetividade de um artista não consiste em que a sua experiência seja fundamentalmente diversa da dos outros homens de seu tempo e de sua classe, mas consiste em que ela seja mais forte, mais consistente e mais concentrada. A experiência do artista precisa apreender as novas relações sociais de maneira a fazer que outros venham a tomar consciência delas; ela precisa dizer hic tua res agitur (trata-se de coisa tua). Mesmo o mais subjetivo dos artistas trabalha em favor da sociedade. Pelo simples fato de descrever sentimentos, relações e condições que não haviam sido descritos anteriormente, ele canaliza-os do seu “Eu” aparentemente isolado para um “Nós”; e esse “Nós” pode ser reconhecido até na subjetividade transbordante da personalidade de um artista.


Esse processo, todavia, nunca é um retorno à primitiva coletividade do passado; ao contrário, representa um impulso na direção de uma nova comunidade cheia de diferenças e tensões, na qual a voz do individual não se perde numa vasta unissonância. Em todo autêntico trabalho de arte, a divisão da realidade humana em individual e coletiva, em singular e universal, é interrompida; porém é mantida como fator a ser incorporado em uma unidade recriada.

Só a arte pode fazer todas essas coisas. A arte pode elevar o homem de um estado de fragmentação a um estado de ser íntegro, total. A arte capacita o homem para compreender a realidade e o ajuda não só a suportá-la como a transformá-la, aumentado-lhe a determinação de torná-la mais humana e mais hospitaleira para a humanidade. A arte, ela própria, é uma realidade social. A sociedade precisa do artista, este supremo feiticeiro, e tem o direito de pedir-lhe que ele seja consciente de sua função social.

Tal direito nunca foi discutido numa sociedade em ascensão, ao contrário do que ocorre nas sociedades em decadência. A ambição do artista que se apoderou das idéias e experiências do seu tempo têm sido sempre não só de representar a realidade como a de plasmá-la.

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