3/05/2010

José Mindlin, um grande Homem

Estava vasculhando pela net uns livros literários quando me deparei com uma matéria feita pelo portal literal sobre o grande José Mindlin(1914-2010) que veio a falecer domingo 28/02, e, o mais triste disto tudo é que poucos sabem dos grandes feito que este homem tenha feito para a cultura popular brasileira e muitos nem sabe o quanto ajudou para o desenvolvimento da educação no país.

Mindlin faleceu sem ver o seu sonho realizado, doou um grande acervo de seus livros para a biblioteca Universidade de São Paulo (USP), que está construindo um prédio exclusivamente para armazenar a coleção chamada Brasiliana, formada por 17 mil títulos, num total de 40 mil volumes (cujo total chega aos 60 mil livros) com obras raras e manuscritos, muitos cujos exemplares são únicos, sobre História do Brasil e literatura brasileira. (trecho retirado da matéria)

Este grande biblíofilo e sua amada esposa Guida dedicaram sua vida aos livros e a cultura brasileira e para o desenvolvimento do Design, ratificando a nossa marca perante há sociedade e com todo pesar, nós designers lamentamos está perda, um homem que fez por paixão e dedicação a cultura literária brasileira, preservando-a até o seu último suspiro.

No portal literal tem uma entrevista muito interessante com Mindlin e outras matérias relacionadas a ele e sua esposa Guida Mindlin.

Para não esquecer, vocês também podem ter acesso ao acervo literário da biblioteca virtual brasiliana, só clicar!

Logo abaixo tem um trecho do livro "Senhora" um dos últimos a serem publicado por José de Alencar.

Seguiu-se um momento de silêncio ou antes de estupor. Aurélia irritava-se contra a invencível mudez de Seixas, e talvez a atribuía a uma cínica insensibilidade moral. Pensava em exacerbar os nobres estímulos de um homem ainda incapaz de reabilitar-se da fragilidade a que fora arrastado, e achava um indivíduo tão embotado já em seu pudor que não se revoltava contra a maior das humilhações.

Aurélia soltou dos lábios um estrídulo, antes do que um sorriso.

- Agora podemos continuar nossa comédia, para divertir-nos. É melhor do que estarmos aqui mudos em face um do outro. Tome a sua posição, meu marido; ajoelhe-se aqui a meus pés, e venha dar-me seu primeiro beijo de amor... Porque o senhor ama-me, não é verdade, e nunca amou outra mulher senão a mim?...

Seixas ergueu-se; a sua voz afinal desprendeu-se dos lábios com calma, porém fremente:

- Não; não a amo.

- Ah!

- É verdade que a amei; mas a senhora acaba de esmagar a seus pés esse amor; aí fica ele para sempre sepultado na abjeção a que o arremessou. Eu só a amaria agora, se a quisesse insultar; pois que maior afronta pode fazer uma senhora, um miserável, do que marcando-a com o estigma de sua paixão. Mas fique tranqüila; ainda quando me dominasse a cólera, que não sinto, há uma vingança que não teria forças para exercer; é essa de amá-la.

Aurélia ergueu-se impetuosamente.

- Então enganei-me? Exclamou a moça com estranho arrebatamento. O senhor ama-me sinceramente e não se casou comigo por interesse?

Seixas demorou um instante a olhar no semblante da moça, que estava suspensa de seus lábios, para beber-lhe as palavras:

- Não, senhora, não enganou-se, disse afinal com o mesmo tom frio e inflexível.

- Vendi-me; pertenço-lhe. A senhora teve o mau gosto de comprar um marido aviltado; aqui o tem como o desejou. Podia ter feito de um caráter, talvez gasto pela educação, um homem de bem que se enobrecesse com sua afeição; preferiu um escravo branco; estava em seu direito, pagava com seu dinheiro, e pagava generosamente. Esse escravo aqui o tem; é seu marido, porém nada mais do que seu marido!

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