9/02/2008

Mestre do Terror Brasileiro





Como fã de grandes filmes de terror e clássicos cinematográficos da arte internacional e nacional, em particular de alguns filmes brasileiros incluindo entre eles o filme de José Mojica Marins conhecido como Zé do caixão, uma mistura de Exu, bruxo, justiceiro e psicopata, com barba, unhas enormes, capa preta e cartola, uma figura única criada pelo diretor e ator o aclamado Zé do Caixão.

Após 40 anos, retornou ao cinema com a 'Encarnação do demônio' dando continuidade e fim da sua trilogia que teve início com "À meia-noite levarei sua alma, de 1964, e "Esta noite encarnarei no teu cadáver", de 1967, "O Estranho Mundo de Zé do Caixão" (1968) e "O Despertar da Besta" (1968), em minha visão considerada seu melhor trabalho que consagraram o personagem.

Foi um dos primeiro cineasta a produzir filmes de horror no Brasil, com base na improvisação e enfrentando a falta de recursos técnicos, fez cerca de 30 filmes, alguns de aventura, comédias e até pornochanchadas. Atraído pelo cinema e pelo teatro desde 17 anos, fundou com a ajuda de amigos, o estúdio Companhia Cinematográfica Atlas (depois Companhia Cinematográfica Apolo), no bairro do Brás, onde dava aula de cinema e fazia testes, utilizando animais vivos, como aranha e ratos, em cenas de terror. Após alguns filmes amadores realizados em 16 mm, ainda mudos; e um 35 mm, sonoro, mas inacabado ("Sentença de Deus"), fez seu primeiro longa-metragem: "A Sina de Aventureiro" (1957), um faroeste em cinemascope.

Nos anos 70 teve seus filmes censurados. Na década seguinte, caído no esquecimento, entrou para a pornochanchada. Sendo Novamente Descoberto pela crítica internacional, foi elogiado nas páginas das revistas norte-americanas Cult Movies e Billboard e da francesa Cahiers du Cinema. Para alguns críticos a sua obra cinematográfica parece mais um show circense, mas a sua estrutura é de tradição da cultura popular brasileira. Tudo isso transposto - sem a menor cerimônia - para a linguagem cinematográfica com inspiração em filmes de classe b e c das quais sou fã desde “as piranhas assassinas, 1, 2, 3” e” Tomates assassinos” ou então o clássico “ A Noite dos Mortos Vivos” (o melhor de todos) entre outro do gênero trash.

Apos quatro décadas Mojica precisou adaptar o personagem aos novos tempos, sem utilização da alta tecnologia cinematográfica, com mais de 3 mil baratas, centenas de aranhas e dezenas de ratos de verdade nas filmagens. Um show de horror!

O novo longa-metragem encerra a trilogia “Encarnação do demônio” foi escrito originalmente em 1966 e passou por diversas tentativas de produção frustradas. Até que o produtor Paulo Sacramento e o roteirista Denílson Ramalho procuraram Mojica para propor uma parceria criativa que tirasse o projeto do papel com a direção de arte a Cássio Amarante e as cenas contam com ambientações e atmosferas muito ricas. Não só pela fotografia talentosa de José Roberto Eliezer, mas também por adereços como a trilha sonora original de André Abujamra e Márcio Nigro.

Representante de um cinema marginal, que se resolvia sem dinheiro e com criatividade, Mojica conseguiu reunir uma equipe de peso e um resultado de um filme dignamente assustador, com inventivas soluções visuais e bons diálogos. Encarnação do Demônio traz escatologia e seqüências ensopadas de sangue e tortura.

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